O Comité do Património Mundial da UNESCO aprovou a inscrição do Museu na lista de lugares com “valor universal excepcional”.
O Comité do Património Mundial aprovou a inclusão do Museu Memorial da ESMA da Argentina na Lista do Património Mundial, na reunião anual para a Protecção do Património Mundial Cultural e Natural.
"O Museu Sítio representa todos os Espaços de Memória do país, mas também da região, e tê-lo declarado como Patrimônio Mundial da UNESCO é uma homenagem aos milhares de desaparecidos em nosso continente", afirmou o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Horacio Pietragalla Corti, que destacou que "isso representa um evento de grande relevância na história argentina e regional, estabelecendo um precedente para continuar sendo um exemplo no mundo com políticas de Memória, Verdade e Justiça".
Durante a sessão, foi estabelecido que o Museu Sítio de Memória ESMA - Ex Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio está associado e representa a repressão ilegal realizada e coordenada pelas ditaduras na América Latina nas décadas de 1970 e 1980, com base no desaparecimento forçado de pessoas.
Dessa forma, o Museu Sítio passa a integrar a lista que contempla lugares com "valor universal excepcional" que pertencem ao patrimônio comum da humanidade, de acordo com o estabelecido pela Convenção do Patrimônio Mundial de 1972. Esta convenção foi ratificada por 194 países que fazem parte de uma comunidade internacional unida na missão conjunta de identificar e proteger o patrimônio natural e cultural mais importante de nosso planeta.
Sobre o Museu
Durante a última ditadura civil-militar (1976-1983), a Escola de Mecânica da Marinha (ESMA) funcionou como Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio. Localizada em um terreno de 17 hectares em uma das principais vias de acesso à cidade de Buenos Aires, a Avenida del Libertador, seu núcleo operacional era o Cassino dos Oficiais, um edifício originalmente destinado ao lazer e descanso dos oficiais da Marinha.
Por este local passaram cerca de 5.000 pessoas detidas-desaparecidas. A maioria delas foi lançada viva ao mar nos chamados "voos da morte". O antigo Cassino dos Oficiais, onde hoje está localizado o Museu Sítio de Memoria ESMA, é um Monumento Histórico Nacional, evidência do terrorismo de Estado e prova material no processo de Justiça pelos crimes de lesa humanidade ali cometidos.
O Museu Sítio de Memória ESMA abriga uma exposição museográfica com base em depoimentos das vítimas e documentos históricos da Comisión Nacional sobre la Desaparición de Personas (CONADEP), o Julgamento das Juntas Militares de 1985 e os julgamentos por crimes de lesa humanidade reiniciados em 2006.
O percurso inclui 17 salas que contêm dispositivos museográficos tradicionais e contemporâneos baseados em depoimentos de sobreviventes, documentos históricos da Comissão Nacional de Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), o julgamento das Juntas