Colóquio TAL 2024: “Os Meios Públicos na América Latina: Desafios e Estratégias para Fortalecer a Democracia”

02.12.2024

O Colóquio TAL 2024 reuniu líderes de meios públicos da região para refletir sobre os desafios da comunicação pública no contexto da concentração midiática, sustentabilidade financeira e transição digital. A construção de narrativas próprias e a identidade latino-americana foram temas centrais do debate.

Colóquio TAL 2024: “Os Meios Públicos na América Latina: Desafios e Estratégias para Fortalecer a Democracia”

Em 29 de novembro de 2024, a Red TAL realizou seu colóquio anual sob o tema “Democracia, informação e sustentabilidade da comunicação pública”, reunindo representantes dos meios públicos latino-americanos para discutir os principais desafios do setor em um contexto de transformações tecnológicas, políticas e econômicas.

A abertura foi conduzida por Nicolás Schonfeld, diretor executivo da Red TAL, que destacou a importância desse espaço para construir estratégias conjuntas que fortaleçam o papel dos meios públicos na região. Mariana Hidalgo, presidente pro tempore, afirmou que “os meios públicos são essenciais para a democracia e para a formação de cidadãos críticos”.

Os painéis abordaram questões como a hiperconcentração midiática. Segundo Genaro Villamil, do Sistema Público de Radiodifusão do México, o desafio passou do “rating” para o “algoritmo”. Alejandra Casablanca, diretora da TV Ciudad, destacou a necessidade de os meios públicos se adaptarem às novas formas de consumo e superarem estigmas associados ao setor.

Maíra Bittencourt, diretora-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), apresentou avanços na separação entre comunicação pública e governamental no Brasil, além da expansão de redes nacionais e da promoção do debate democrático em um contexto polarizado.

O debate não se limitou à identificação de problemas, mas propôs soluções concretas: desde a criação de um grupo de trabalho sobre democracia e comunicação pública até a promoção de narrativas positivas que ressaltassem o valor dos meios públicos. Também foi discutida a necessidade de “quebrar os algoritmos” para alcançar novas audiências e reforçar a colaboração entre os meios públicos da região.

Os participantes enfatizaram a urgência de construir uma identidade latino-americana que diferencie os meios públicos dos concorrentes privados, destacando sua missão educativa e cultural. Claudia Ducatenzeiler, diretora de Mundo U da Argentina, ressaltou os desafios enfrentados pelos meios universitários em seu país, enquanto Azucena Pimental, presidente da Red México, celebrou os avanços na transformação dos meios públicos mexicanos.

O colóquio encerrou com um chamado à ação: fortalecer a televisão pública e universitária, consolidar espaços de troca entre os membros da Red TAL e explorar novos modelos financeiros que garantam a sustentabilidade dos meios públicos. “O mundo é público”, concluiu Gabriel Priolli, lembrando que a comunicação pública deve ser um pilar da democracia na América Latina.

Com iniciativas como a especialização em meios públicos desenvolvida em parceria com a Universidade de Buenos Aires e o investimento em espaços acadêmicos de debate, a Red TAL reafirma seu compromisso com a região, trabalhando por um futuro onde a comunicação pública seja sinônimo de diversidade, inclusão e participação cidadã.