A democracia na tela: fórum regional de meios públicos lançou um novo diploma latino-americano

29.09.2025

Mais de 200 representantes de treze países da América Latina participaram do fórum virtual “Mídias Públicas para a Democracia”, organizado pela Red TAL no marco do Dia Internacional da Democracia. O encontro destacou a relevância dos meios públicos como pilares da vida democrática e cultural da região e apresentou o novo Diploma em Meios Públicos na América Latina, impulsionado pela Universidade de Buenos Aires (UBA), pela Red México e pela Red TAL.

A democracia na tela: fórum regional de meios públicos lançou um novo diploma latino-americano

O fórum foi aberto por Nicolás Schonfeld, diretor executivo da Red TAL, que atuou como moderador do debate. Em primeiro lugar, fez sua exposição Alonso Millán, diretor-geral do Canal 22 (México) e presidente pro tempore da Red TAL, que afirmou que as televisões públicas são “projetos culturais que sustentam a democracia” e que é urgente repensar o significado do público na televisão hoje.

Entre as vozes de destaque, Diana Díaz Soto, diretora da Direção de Audiovisuais, Cinema e Meios Interativos (DACMI) do Ministério das Culturas da Colômbia, ressaltou o papel cotidiano dos meios públicos como “espelhos das realidades nacionais”. Por sua vez, Azucena Pimentel, diretora do Canal Aprende e presidenta da Red México, propôs três eixos estratégicos: financiamento sustentável, independência editorial e garantia dos direitos das audiências.

O brasileiro Bráulio Ribeiro, diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), falou de uma “oportunidade histórica” para defender os meios públicos diante da erosão democrática. Na mesma linha, Jenaro Villamil, presidente do Sistema Público de Radiodifusão do Estado Mexicano (SPR), chamou a uma resposta conjunta contra os discursos de ódio e o desmonte dos sistemas públicos. Também Gabriel Levy, consultor em Transformação Digital e TIC (Colômbia), apresentou casos como La vorágine, que evidenciam como os conteúdos públicos podem se tornar referências e liderar a conversa cultural. Nesse contexto, Alberto Calvo, responsável por Relações Institucionais da COLSECOR e secretário-geral do Conselho Diretivo da TAL, ofereceu uma perspectiva conceitual sobre a definição de cidadanias e a necessidade de que os meios públicos promovam um debate corajoso na região.

Um dos momentos centrais foi a apresentação do Diploma em Mídias Públicas na América Latina, criado pelo Curso de Ciências da Comunicação da UBA em conjunto com a Red TAL. A diretora acadêmica Jésica Tritten, jornalista e produtora, detalhou que o programa, que terá início em 2026 no formato virtual, incluirá cinco módulos e 17 aulas com docentes e convidados de toda a região. Larisa Kejval, diretora do Curso de Ciências da Comunicação (UBA), explicou que o Diploma será destinado a trabalhadores e trabalhadoras de meios, estudantes, gestores culturais e ao público em geral interessado em meios públicos. Já Adriano de Angelis, gerente de Projetos e Conteúdos Regionais da EBC, enfatizou a importância da iniciativa como um espaço de articulação e mobilização em defesa da democracia e da comunicação pública na região.

A agenda de participantes também contou com Flavio Gonçalves, diretor-geral da TVE Bahia e vice-presidente da Red TAL; María Salceda (Rede Nacional Audiovisual Universitária, Argentina); Erika Hoffmann, diretora da Televisão Nacional do Uruguai; Francisco Machado Filho, presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU); Diana Bermeo, chefe de Programação da Ecuador TV; além de representantes do Panamá, Peru, Costa Rica, Honduras, Paraguai, Venezuela e Chile. Destacaram-se ainda as intervenções de Malu Campos e Gabriel Priolli, que trouxeram valiosas contribuições a partir da experiência acadêmica, jornalística e de gestão em meios públicos. Convidados europeus, como a RAI, também compartilharam experiências comparadas para enriquecer o debate.

Mais que um fato isolado, o encontro refletiu a conjuntura regional: em um contexto no qual vários países discutem o futuro de seus sistemas públicos, o fórum reafirmou que a defesa do comum também se constrói na tela. Nela, os meios públicos se consolidam como espaços de representação, ferramentas democráticas e apostas culturais compartilhadas.

De olho no futuro, o Fórum Aberto evidencia a necessidade de contar com um espaço de encontro regular e permanente. Em uma região onde a democracia e os meios públicos enfrentam desafios constantes, realizar anualmente – em torno de 15 de setembro, Dia Internacional da Democracia – um espaço coletivo de reflexão e debate permitirá atualizar diagnósticos, compartilhar aprendizados e fortalecer de maneira conjunta o papel da comunicação pública na América Latina.