Produtores e produtoras do setor audiovisual discutiram os desafios dos meios públicos com especialistas.
A Red TAL realizou na quinta-feira, 25 de julho, a conversatório aberta “Meios Públicos: o desafio de gerar conteúdos que priorizem o bem-estar digital das audiências”.
A troca de ideias, convocada pela Comunidade TAL, ocorreu online no espaço Lab TAL, uma proposta da união das televisões públicas e culturais da América Latina para apoiar os meios de comunicação da região, fornecendo-lhes ferramentas e recursos para investigar, refletir, explorar e criar em torno da relação com as audiências. Nesse sentido, durante o encontro, foi abordado o conceito de bem-estar digital e as possíveis contribuições para a construção da cidadania.
Destinada especialmente a produtores e produtoras do setor audiovisual, a conversatóriocontou com a participação de mais de 60 participantes da Argentina, México, Chile, Equador, Colômbia, Brasil, Uruguai e Peru. A palestra foi ministrada por Lucía Fainboim, especialista em cidadania e criação digital, e diretora da consultoria Bem-estar Digital. Além disso, contou com a moderação de Cielo Salviolo, especialista em conteúdos públicos educativos e diretora fundadora da Pakapaka.
Durante o encontro, foi solicitado aos participantes que respondessem a uma breve pesquisa, da qual se constatou que 55% identificaram entre suas principais preocupações relacionadas ao bem-estar digital o "Excesso de tempo de crianças, adolescentes e jovens na tela". Em segundo lugar (43%), optaram pela "Falta de conteúdos respeitosos que promovam a cidadania digital”. Outro dos temores mencionados foi o “Ciberbullying" com 29% dos votos, seguido pela "Reprodução de estereótipos nas redes sociais", com 26%. Por último, as "Falhas de segurança na proteção de dados” receberam 21% dos votos e “Sexting” foi escolhido por 10%.
Com base nas respostas dos presentes e apoiados em diferentes casos de análise de campanhas audiovisuais produzidas pela região, foram abordadas as responsabilidades e oportunidades que as telas enfrentam na construção de uma cidadania digital e os usos problemáticos das redes sociais.
“Há uma algoritmização da vida cotidiana, uma luta muito interessante a ser travada entre a subjetividade e a hiperpersonalização das plataformas”, destacou Fainboim, enquanto ressaltou que “a identidade das adolescências, infâncias e das pessoas adultas não deve ser reduzida à recomendação algorítmica e ao nosso perfil de consumo. Somos muito mais do que isso e acredito que há algo a ser resgatado nessa subjetividade”, acrescentou.
Na mesma linha, a especialista chamou a reivindicar o papel da televisão pública na representação das diversas identidades regionais: “Os conteúdos que estamos vendo nas plataformas são conteúdos com muitos vieses, que têm estereótipos que respondem a padrões de países que não são os nossos, que não são nossa região".
Por sua vez, Salviolo destacou que "os meios públicos devem começar a se pensar como um ecossistema em que a audiência não é apenas o ponto de audiência que assiste à tela linear, mas também aqueles que visualizam nossas redes e interagem com nosso conteúdo no YouTube, no Instagram, ou no TikTok”.
“Todas essas são formas válidas de estar em contato com a audiência e, em termos de tela, não nos pensando apenas como canais e meios, temos que também pensar em como geramos um equilíbrio”, concluiu.